sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ciclistas exploram o lado mais radical da rota, que encanta os viajantes com belezas naturais, História e artesanato, de O Globo


Desafio em museu a céu aberto na Estrada Real

Ciclistas exploram o lado mais radical da rota, que encanta os viajantes com belezas naturais, História e artesanato

RAFAEL DUARTE, ESPECIAL PARA O GLOBO
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Equipe Miramundos percorre a Estrada Real de bicicleta na saída de Passa Quatro em Minas Gerais
Foto: Flavio Forner
Equipe Miramundos percorre a Estrada Real de bicicleta na saída de Passa Quatro em Minas GeraisFLAVIO FORNER
OURO PRETO - Aberta pelos bandeirantes em busca de ouro e diamantes a pedido da Coroa Portuguesa, a Estrada Real, o caminho histórico que ligava a região mineradora ao litoral, revela-se hoje um destino desafiador e cativante para ciclistas e aventureiros. Foi esta uma das minhas principais constatações junto com Jaime Vilaseca, Flavio Forner e Daniel Ramalho, todos da equipe Miramundos, que percorreu recentemente, de bicicleta, cerca de 800km de Minas Gerais ao Estado do Rio para registrar a vida, as belezas e as surpresas da Estrada Real, três séculos depois da criação deste trajeto. O percurso que pode ser reconhecido internacionalmente em 2015 como Rota Cultural da Unesco — o mesmo status obtido pelo Caminho de Santiago, na Espanha — é um prato cheio para quem viaja em busca de emoções. O legado artístico e cultural faz deste roteiro um museu a céu aberto, com uma série de aquedutos, chafarizes, casas, fazendas, igrejas, pelourinhos, pontes, túneis, minas desativadas e muito mais. Os destaques estão abaixo e em uma websérie produzida pela Miramundos que estreia nesta quinta no site do GLOBO.
No Caminho Velho, a riqueza colonial
A Estrada Real, que corta os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, é formada por um conjunto de quatro caminhos: Velho, dos Diamantes, Novo e de Sabarabuçu. Juntos eles contemplam 199 cidades ao longo de 1.600 quilômetros sinalizados por 1.926 marcos. Repleto de atrativos coloniais preservados, construções históricas, belezas naturais, trilhas de todos os graus de dificuldade e uma população altamente receptiva, os percursos proporcionam aos viajantes uma oportunidade de se aventurar na natureza, conhecendo melhor o Brasil. A melhor época do ano para fazer esta viagem acaba de começar: de junho a agosto chove menos na região.
Também se pode percorrer a Estrada Real a pé, a cavalo, de moto ou em veículos 4x4, mas a mountain bike proporciona os momentos mais radicais. Na expedição da Miramundos, realizada há cerca de um mês, optamos pelo Caminho Velho, que vai de Ouro Preto (MG) a Paraty (RJ), a primeira via aberta para ligar a região mineradora ao mar, por onde toda a riqueza era exportada para a Europa. Durante 15 dias, o multiesportista Jaime Portas Vilaseca e eu viajamos por estas estradas de bicicleta num trajeto de cerca de 800km, acompanhados dos fotógrafos Daniel Ramalho e Flavio Forner em um carro de apoio. Durante este período, compartilhamos diariamente pelo blog Miramundos nossas experiências.
Saímos de Ouro Preto, onde visitamos a Mina de Santa Rita, uma das mais antigas da cidade. Lá tivemos a oportunidade de entrar e rastejar por túneis para tentar sentir o clima em que tantos escravos trabalharam na extração do ouro. Antes de entrarmos de fato no Caminho Velho, passamos por algumas cidades próximas de Ouro Preto que esbanjam atrativos interessantes e belezas naturais. A primeira parada foi Catas Altas, onde conhecemos a fazenda das Irmãs Lopes, que produzem há 49 anos um delicioso vinho de jabuticaba, e a ruína do Bicame de Pedra, um aqueduto construído em 1792 por escravos.
De lá passamos por Santa Bárbara e dormimos no Santuário do Caraça, eleito uma das Sete Maravilhas da Estrada Real. Trata-se de um antigo e tradicional colégio católico que já formou presidentes da República, desativado após um grande incêndio. Reconstruído, hoje no local funciona uma pousada procurada por viajantes em busca de paz e contato com a natureza. Situado no meio da mata, o complexo conta com igreja, museu e é rodeado de montanhas, rios e cachoeiras. Todas as noites os padres alimentam uma família de lobos-guarás com pedaços de carne, num ritual que se repete há 30 anos e faz sucesso entre os visitantes.
Partimos para Barão de Cocais, onde visitamos a Pedra Pintada, um sítio arqueológico que tem desenhos feitos há dez mil anos. No caminho para Caeté, subimos até o alto do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, onde se destaca a vista de 360 graus. Fizemos uma parada na Cachoeira da Cambota para um mergulho e nos arriscamos em uma tirolesa no Parque de Aventura Canela de Ema — um complexo ecológico que oferece atividades esportivas em meio à natureza: alpinismo, rapel, canoagem, arvorismo.
Depois de percorrermos os caminhos dos Diamantes e de Sabarabuçu, descemos para Congonhas, a cidade dos profetas do mestre Aleijadinho, para nos conectarmos então ao Caminho Velho rumo a Paraty. Partimos em direção a Casa Grande em um dos trechos mais duros da viagem, onde enfrentamos algumas das mais desafiadoras trilhas da expedição, separados do carro de apoio.
Entre Casa Grande e Tiradentes, em nova etapa de muita lama e suor, tivemos a chance de visitar as lojas-ateliês de alguns artistas da simpática comunidade de Bichinho, já conhecida nacionalmente pelas esculturas de madeira, numa parada imperdível. Em Tiradentes, provamos o doce de leite do Bolota, receita quase sem açúcar criada por um chef diabético. De lá, passamos por São João del Rey, uma das principais cidades do Ciclo do Ouro, com sua tradicional maria-fumaça. Neste dia tivemos que nos apressar para não perder o horário da balsa que atravessa o Rio Grande entre as comunidades de Caquende e Capela do Saco, uma vila de aproximadamente cem habitantes onde assistimos a um dos mais belos fins de tarde do caminho.
A subida de Carrancas foi um dos trechos mais bonitos e desafiadores da expedição. Depois de cerca de 30km com uma linda área verde com vista para o rio, iniciamos a tão temida subida, onde uma placa alerta os viajantes que a partir dali "apenas veículos 4x4" conseguem passar. O cascalho solto e o forte aclive tornam este trecho penoso e técnico, porém gratificante quando se chega ao fim. Em Carrancas conhecemos o ciclista paulista Wagner Cardoso, de 39 anos, produtor musical que se apaixonou pela Estrada Real e hoje mantém uma casa alugada na região. Ele nos guiou até a cachoeira Tira Prosa e nos deu a dica de assistir ao pôr do sol perto da rampa de vôo livre.
Chegando a Cruzília, comemos poeira com o grande fluxo de caminhões e carretas de madeireiras na estrada de terra. Além do desconforto e da sujeira, este trânsito na região gera uma sensação de insegurança e exige um cuidado redobrado. Já na reta final da expedição, passamos pelo Circuito das Águas, cruzando o município de Caxambu, onde enchemos nossas garrafas com a famosa água que sai gaseificada naturalmente da fonte. Gratuita e fresca, dizem que tem propriedades medicinais e que faz bem à saúde.
Antes de entrar no Estado de São Paulo, pernoitamos em São Lourenço e Passa Quatro. Saímos de Minas Gerais descendo pela radical trilha da Garganta do Embaú, na Serra da Mantiqueira, onde o mato está praticamente fechado em quase todo o caminho. Ao chegarmos em Guarantinguetá, aproveitamos que estávamos com carro de apoio e decidimos esticar para conhecer Aparecida.
No penúltimo dia de expedição, subimos parte do caminho até Cunha de carro para evitar os asfaltos que cobriram a maior parte da Estrada Real original. Lá, ficamos surpresos com o charme da cidade conhecida pelos seus Fuscas e pela produção de cerâmica artesanal. O aguardado downhill de cerca de mil metros de desnível ao longo de 20km entre Cunha e Paraty foi feito no 15 e último dia da expedição. No meio do caminho, por entre as árvores, o viajante é surpreendido pela arrepiante vista do mar de Paraty. Quando se chega à cidade histórica após tantos dias de experiências novas e desafios superados, a sensação é de missão cumprida.
Pedágios para a Coroa
A Estrada Real e outras vias abertas entre os séculos XVII e XIX aproximam diferentes regiões do país. No século XVII, grupos da então pequena Vila de São Paulo aceitaram o desafio lançado pela Coroa Portuguesa de adentrar matas e serras rumo ao sertão, onde acreditavam haver riquezas minerais, em especial ouro e diamante.
O trecho de Ouro Preto a Paraty, chamado de Caminho Velho, foi a primeira via aberta para conectar a região mineradora das Minas Gerais e o litoral fluminense, para abastecer o mercado internacional a partir de Paraty, no Estado do Rio, por via marítima, até Portugal. O nome dado ao percurso de Estrada Real se deve aos Registros — pedágios instalados pela Coroa Portuguesa para cobrar tributos de quem passava por ali com mercadorias e minerais.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FieMG) elaborou um dossiê sobre o potencial cultural, histórico e turístico da Estrada Real. O documento foi enviado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural Nacional (Iphan) e poderá ser avaliado pela Unesco para que a Estrada Real seja nomeada uma Rota Cultural.
Sucata, madeira e barro transformados em peças de arte
Por onde se passa na Estrada Real a arte está presente. Não só nos famosos adornos folheados a ouro e nas obras de Aleijadinho no interior das igrejas, mas também em peças criadas pelas mãos de notáveis moradores que, além de dar um charme especial às cidades onde vivem e trabalham, atraem turistas interessados em levar para casa lembranças e obras de arte de todos os tipos, que vão de R$ 10 a R$ 50 mil.
Com talento e consciência ambiental de sobra, o trabalho de Geraldo de Paula brilha em Barão de Cocais. Metalúrgico aposentado, ele se dedica à transformação de sucata e pedaços de ferro descartados em obras de arte. No quintal de casa ele esculpe relógios, cadeiras, castiçais, mesas e objetos abstratos.
— Produzo 200 peças por mês, mas nem sempre vendo tudo. A maioria dos meus clientes vem até a minha porta — conta o escultor.
Quando se passa pela aprazível Bichinho, nas proximidades de Tiradentes (MG), é difícil resistir a uma parada na rua principal, onde as casas se transformaram em ateliês e as varandas, em vitrines. Ali a especialidade é a escultura em madeira. Nos mais variados tamanhos, os destaques ficam por conta das figuras sacras, humanas e de animais. Para o artista Amílton Trindade Narciso, de 32 anos, Bichinho tem algo de diferente além do artesanato.
— Este lugar é especial. Todos aqui se cumprimentam, mesmo quem não se conhece — diz Narciso, que vem ganhando fama pelas imagens de santos que fabrica em madeira.
Em Cunha (SP), um dos ateliês que mais se destacam é o da japonesa Mieko Ukeseki, ceramista de 65 anos que há 37 vive na cidade. Mieko, que faz questão de receber e apresentar seu trabalho a cada visitante, ressalta o bom momento pelo qual passa a produção artesanal na cidade.
— Quando começamos, buscávamos o barro nos sítios e fazíamos todo o processo para transformá-lo em argila. Nos anos 1980 e 1990, íamos até Rio ou São Paulo para vender nossas peças. Mas de um tempo para cá, são os clientes que vêm até nós — conta Mieko.
Aos pés do Jequitibá gigante
Localizado a 30km de Carrancas, em sentido a Cruzília, em uma mata ao lado de um grande milharal, encontra-se aquele que seria o maior jequitibá de Minas Gerais. Ele não está nos guias de viagem, tampouco é fácil achá-lo. Mas se o viajante tiver um pouco de sorte e curiosidade poderá contar com a ajuda de algum morador local para levá-lo até lá. A cerca de 1km da estrada, o Jequitibá reina na floresta com seus 40 metros de altura. Segundo os locais, seriam necessárias 15 pessoas para conseguir abraçá-lo.
De bike no parque de diversões com paisagem exuberante
Para viajar de bike pelas montanhas reais, além de estar bem preparado fisicamente, é preciso fazer um bom planejamento e estar disposto a enfrentar desafios. Em outras palavras, é essencial ter um espírito aventureiro, pois o ciclista terá que lidar com uma série de obstáculos: o desgaste físico gerado pela intensidade e pelo acúmulo de exercício, os cascalhos soltos na estrada, o clima, as subidas íngremes e longas, as trilhas com mato alto, os trechos sem contato com nenhuma pessoa ou sem pontos de água e estradas de asfalto. Para Jaime Portas Vilaseca, da Expedição Miramundos, todos estes elementos fazem da Estrada Real um parque de diversões para quem gosta de pedalar.
— A variedade de tipos de terreno e a exposição ao clima tornam o pedal muito divertido. Você fica isolado em boa parte do caminho e todo o esforço é recompensado com paisagens exuberantes — explica o multiesportista.
Além de receber viajantes radicais e solitários, a Estrada Real também pode ser considerada uma boa opção para uma jornada em família. Se uma parte do grupo for pedalando e a outra acompanhar no carro de apoio, o peso das bikes pode ser aliviado, o abastecimento de água e comida será facilitado e os trechos de asfalto serão evitados por quem segue de bicicleta — o que recomendamos por motivos de segurança, já que esses trechos representam 25% do total.
Apesar de o caminho passar por cidades estruturadas, como Ouro Preto, Tiradentes, São João del Rey e Paraty, parte do traçado ainda é relativamente pouco explorado e inclui cidades menores com pouca infraestrutura hoteleira e gastronômica. Isso quer dizer que quem viaja pela Estrada Real precisa saber que deverá passar a noite em pousadas mais simples, sem grandes extravagâncias, e comer comida caseira em muitas das vezes — que é ótima, diga-se de passagem. Antes de colocar os pedais na estrada, vale planejar bem o roteiro de acordo com sua capacidade física e os dias disponíveis para a viagem e ter na manga alguns nomes e endereços de lugares para ficar.
Para ajudar o turista a traçar seus roteiros e fornecer informações úteis do caminho escolhido, o Instituto Estrada Real (IER) tem em seu site roteiros e planilhas com a quilometragem de todo o percurso e as orientações dos marcos — que são os totens de sinalização instalados em pontos estratégicos da Estrada Real. Os totens têm a localização estimada, distâncias e informam sobre as cidades mais próximas (em ambos os sentidos). O IER também atende consultas por e-mail (estradareal@estradareal.org.br) para auxiliar o viajante a organizar seu roteiro e emite um certificado pelo site (estradareal.tur.br) para quem completa o percurso.


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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Top 10 Receitas do Mercado Central

Quais são as 10 melhores receitas para executarmos depois da cerveja no Mercado Central?

Leitoa à pururuca
Feijão Tropeiro Imperatriz
Linguiça de pernil com pimenta cumari
Feijão verde com carne de sol
Sanduiche de parmesão e presunto
Ceviche peruano (com pimenta Rocôto)
Extreme feijoada
Queijo caçula na brasa
Super C - suco de laranja Pera Rio com limão e própolis (melhor para o dia seguinte)
Perna de carneiro ao forno (Fica pronta só de madrugada, leve tira-gostos)

Que mais, minha gente? Fala comigo.